Na semana passada, a mãe de uma coleguinha do Santiago, que chegou há poucos meses de muda do Rio de Janeiro, perguntou se eu teria um pediatra de confiança para indicar. Recomendei a Dra. Natacha Uchoa, que acompanhou o parto do Santiago e hoje, além de médica do meu gurizinho, é uma amiga muito querida da família. Lembram que publiquei Festa Pop Star a festinha da filha dela? Pois então… Conversando com a mãe do coleguinha do Santiago, percebi que a Raquel e eu nunca tínhamos falado no Mães à Obra sobre a importância da escolha do pediatra e os primeiros cuidados médicos com o bebê. Convidei, então, a Dra. Natacha para esclarecer algumas questões sobre o assunto. Espero que gostem!
Como escolher o pediatra do seu filho? O que é importante levar em consideração no momento da escolha?
A escolha do pediatra é muito importante. O médico deve ser escolhido, se possível, ainda na gestação para logo que sair do hospital, caso não seja o mesmo que atendeu no nascimento, possa auxilia-lo nas primeiras dúvidas. Além de obter referências, pesquise sua formação profissional. A empatia do profissional é extremamente importante, associado a disponibilidade. É sempre confortante para os pais, saber se em caso de urgência, ou fora do horário do consultório, possa entrar em contato. Os pais sentem-se seguros se sabem que podem pedir ajuda.
O pediatra deve ser indicado pelo ginecologista obstetra ou pode ser sugerido pela própria paciente?
O pediatra na sala de parto, na minha opinião, é melhor ser indicado pelo obstetra, pois este já sabe das rotinas dessa equipe, facilitando o atendimento da mãe e do bebê.
Já o pediatra que acompanhará o bebê após a saída do hospital deve ser escolhido pelos pais, assim poderão optar pelo profissional que mais lhe trará segurança.
Primeiros cuidados médicos com o bebe
Para que os pais não fiquem inseguros, vale marcar uma consulta com o profissional mesmo antes do nascimento da criança para já receber as primeiras orientações e tirar dúvidas?
Sim, o primeiro contato é muito importante, e se esse acontecer antes do nascimento, os pais terão mais tempo para procurar o pediatra que melhor atende suas necessidades.
Assim, também, ficarão mais tranquilos com as dúvidas inicias, até as de enxoval do bebê.
É importante que o médico que acompanhe o parto seja um pediatra com especialização em neonatal ou não necessariamente? Por quê?
O pediatra na sala de parto não necessariamente tem que ser neonatologia, mas é recomendável. Isto deve-se ao fato de que se acontecer qualquer intercorrência com o bebê o neonatologia está mais habilitado a atender.
Quais são os exames que o recém-nascido faz ainda na maternidade? Tipagem sanguínea? Teste do pezinho? Teste da orelhinha? Teste do olhinho? Quais exames são obrigatórios? Quais são opcionais?
A Tipagem Sanguínea do recém-nascido não é um exame obrigatório ao nascimento. Esse só é coletado se a tipagem sanguínea da mãe for negativa ou em casos de icterícia neonatal precoce para descartar incompatibilidade sanguínea.
Primeiros exames
O Teste do Olhinho, realizado pelo pediatra não necessita de colírios prévios, é feito utilizando uma fonte de luz para se observar o reflexo que vem da retina. O reflexo vermelho normal significa que as principais estruturas internas do olho estão transparentes, permitindo que a retina seja atingida de forma normal, descartando, principalmente catarata congênita. Esse exame é obrigatório ao nascimento ou até a alta hospitalar.
O Teste da Orelhinha ou Teste de Otoemissão Acústica é simples, feito a partir de 48 horas após o nascimento do bebê e pode detectar se ele tem algum problema auditivo evitando problemas na fala e no aprendizado da criança. O exame é feito no berçário em sono natural, demora de 5 a 10 minutos, não tem qualquer contra-indicação, não acorda nem incomoda o bebê. Esse teste pode ser feito ainda no hospital ou até os 30 dias de vida.
O Teste do Coraçãozinho ou Oximetria de Pulso é um exame simples, indolor, rápido, que deve fazer parte da triagem de rotina de todos os recém-nascidos, pois é importante para o diagnóstico precoce de algumas cardiopatias congênitas. Esse mede a oxigenação sanguínea na mão direita e em um dos pés do bebê. Ainda não é obrigatório em todo o Brasil.
O Teste do Pezinho é um exame laboratorial simples que tem o objetivo de detectar precocemente doenças metabólicas, genéticas e infecciosas, que poderão causar lesões irreversíveis no bebê. Ele é feito a partir da análise de gotas de sangue colhidas por punção no calcanhar do recém-nascido. O teste tem por objetivo identificar diversas doenças que não apresentam sinais ou sintomas logo após o nascimento.
Deve ser coletado a partir do terceiro dia de vida, o mais precoce possível, para que o tratamento seja iniciado precocemente, evitando complicações da doença detectada. O teste do pezinho básico que detecta quatro doenças: hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, hemoglobinopatias e fibose cística, é obrigatório, os testes ampliado, plus e master, que detectam mais diferentes tipos de doenças não são obrigatórios porém muito importantes.
Com que frequência a criança visita o pediatra nos primeiros anos de vida?
No primeiro ano de vida, as consultas são mais frequentes. A primeira visita ao consultório costuma ser entre o sétimo e o décimo dia de vida. É normal o bebê perder peso nos primeiros dias de vida, então uma consulta precoce é muito importante para revisar o peso, ver como está a amamentação e tirar muitas dúvidas que surgem nesses primeiros momentos. Depois, as consultas são mensais no primeiro ano de vida para acompanhar o crescimento e desenvolvimento da criança e também as vacinas. A partir dos 12 meses de vida até os 24 meses podem ser a cada dois meses e a partir de então a cada 3 meses.
Quais são as dúvidas mais frequentes das mamães de primeira viagem?
As dúvidas mais frequentes são sobre amamentação e cólicas. Porém, a cada mês que a criança vai crescendo surgem diversas e variadas dúvidas. “Como será quando eu voltar ao trabalho?” “ Deixo o bebê em casa com uma cuidadora, ou coloco em uma escola?” “Como introduzir os alimentos sólidos ao bebê?”
Conclusão Algum conselho a elas?
Eu além de ser pediatra, sou mãe, então quero dizer que nenhuma dúvida deve ser deixada de ser perguntada, mesmo que pareça bobagem, pois o bebê não vem com uma bula e nem nós, mães, aprendemos a cuidar dos nossos filhos em um curso. O dia-a-dia é que nos ensina e o pediatra ajuda muito, nos deixando tranquilas e nos ensinando quando devemos nos preocupar. Depois de eu ser mãe, tenho certeza, de que me tornei uma melhor pediatra, pois entendi melhor as preocupações das mães.